sexta-feira, 31 de março de 2023

AS ARMADILHAS DAS REDES SOCIAIS

 




 

A abordagem desta publicação é sobre o crescente uso das redes sociais, que tem proporcionado novas formas de comunicação e conexão emocional. Em um mundo cada vez mais dependente da tecnologia, há novos desafios em relação à segurança e à privacidade dos usuários, especialmente, no que diz respeito aos abusos sexuais e à pedofilia, além de seu impacto na saúde mental da pessoa.

Inicialmente, vemos o ambiente virtual, principalmente as mídias sociais, difundirem a necessidade de beleza e sucesso, como um ideal a alcançar. O imperativo para as pessoas se mostrarem na Internet é estimulando o desejo de possuir um corpo perfeito, sucesso financeiro e de felicidade. Isso implica em uma desorganização psíquica, pois passa pela via da comparação, por indicativos do sucesso alheio, um caminho para a infelicidade em razão de destruir a autoestima.

Quando indagadas sobre o motivo da relação intensa com o celular, adolescentes, prontamente, responderam: “ele escuta todas as nossas conversas e não conta para ninguém; “gosto muito do meu celular, ele é minha vida, tenho afeto por ele”. Quão delicada é a questão sobre a necessidade de se conectar a alguém ou alguma coisa. Essas respostas fazem com que elas se refugiem fora do contato social, familiar, perdendo a percepção da realidade e prejudicando a construção das próprias identidades.

O recorte da emoção, intenção e motivação, confidencialidade, são sensações expressivas para preencher um espaço vazio, de solidão, carência, de isolamento, criando uma conexão emocional perigosa de dependência; exemplo coerente com o filme Ela, que assisti recentemente, no qual os seres humanos se conectam, emocionalmente, com sistemas operacionais inteligentes.

Diante dessa ironia, muitos casos de abusos sexuais e pedofilia surgem por meio de contatos e relações iniciadas pela Internet, nas quais o abusador, escondido por um perfil falso, mantém contato com a vítima. Caso equivalente está sendo abordado na novela Travessia, da Rede Globo, expondo o episódio de uma adolescente que usa a internet para se relacionar com um pedófilo, que se esconde em uma identidade falsa de uma outra menina, com uso de recursos tecnológicos, para ganhar a confiança da vítima. Ela fica deslumbrada com uma amizade virtual que acredita ser uma celebridade influente do meio digital. Na verdade, está sendo enganada por um pedófilo que, por meio de mecanismos digitais, se faz passar por uma mulher.

Outro caso foi o de uma menina de doze anos sequestrada por um rapaz de vinte e cinco anos e levada para outro estado. Ele confessou que conheceu a menina em um aplicativo de vídeos, quando ela tinha dez anos e que, desde então, trocavam mensagens.

Como profissional da saúde, afirmo que pode haver graves consequências para a saúde mental e emocional, pois a adolescência é uma fase do desenvolvimento que envolve transformações físicas, emocionais e afetivas, podendo ser geradoras de muitos conflitos. Como escreveu Winnicott: “o adolescente sadio é um adolescente maduro e não um adulto precoce”.

Eu me deparo com um risco que aciona um alerta para a importância da escuta, do cuidado e do acolhimento dessas crianças e jovens, no sentido de evitar que possam ser marcados por traços de crueldade e perversidade.

Há muito a ser pensando, uma vez que as crianças que sofrem abuso sexual,  muitas vezes, experimentam sentimentos de medo, ansiedade, culpa, vergonha, tristeza e raiva. Elas podem ter dificuldades de confiar em outras pessoas, incluindo em adultos que deveriam protegê-las, e desenvolver problemas de autoestima e autoconfiança.

É importante que a vítima receba ajuda imediatamente após a revelação do abuso, em termos de tratamento psicológico e apoio emocional. Os pais responsáveis precisam de cuidados também neste momento, para que os profissionais da saúde mental possam ajudar as crianças a lidar com o trauma por meio da terapia, aconselhamento e apoio familiar. Vale lembrar que o abuso é grave e que a culpa nunca é da criança, pois usam da sedução e depois da ameaça para continuar mantendo o controle sobre a vítima.

Este é um assunto delicado, que necessita de todas as reflexões possíveis, para que os efeitos na saúde mental sejam os menores possíveis.

 

 

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