terça-feira, 1 de novembro de 2022

 SAÚDE EMOCIONAL  E A VIOLÊNCIA


A abordagem do texto desta publicação vem acompanhada de muitas reflexões, qual seja, a violência no mundo e sua ressonância. 

Ao abrir os noticiários há um bombardeio de relatos que ameaçam a dignidade humana, a saúde psicológica e o bem-estar das pessoas - sendo muito difícil ficar indiferente a tantas narrativas de sofrimento. Percebe-se, de mais a mais, que a experiência deixada pelos intensos sentimentos de medo, de impotência, de angústia, de somatizações e de adoecimento provocam um estado de ansiedade e de insegurança permanentes, visto que desafiam a própria existência humana.

 O sentimento de ausência de controle sobre o mundo é um dos principais conflitos internos, aliás, a segurança e o bem-estar trazidos pela previsibilidade - algo que todas as pessoas buscam em todas as esferas da vida - vêm sendo drasticamente abalados pela Pandemia, como se a constante sensação fosse de que o modo de vida está ameaçado, gerando o desencadeamento de uma incapacidade de pensar e de enxergar o futuro. Evidentemente, é natural se perder e ficar fora de si diante desse emaranhado de fios emocionais que intimidam o existir diante de tamanha ameaça. 

As repercussões da guerra, da violência, da crueldade e das doenças rompem com o equilíbrio das pessoas, num aumento significativo da depressão, do estresse e de tantos outros transtornos mentais. 

Como defesa ao sentimento de fragilidade, finitude, temores, e indignação com o que não se tem controle, as emoções se revelam como as de ódio, raiva, medo, inveja, ressentimento, injustiça, desamparo, entre outras, as quais devem ser compreendidas dentro desse contexto de violência, de guerras e de abusos - pelo que remetem e potencializam às próprias dores de origem da pessoa, tais como o sofrimento, a tristeza, a impotência, o desamparo. 

Assim, há um estado de confusão mental diante deste cenário desconhecido; a compreensão do que é de fora e de dentro fica embaralhada e comprometida. Mas, então, o que fazer com tantas emoções suprimidas que ganham tanta força sombria para não criarem um desequilíbrio e sofrimento psíquico? 

É fundamental entendermos o que se passa, com oportunidade de acolher e nomear a dor e o sofrimento, bem como as angústias, as tristezas e os medos aflorados. Com isto, abraçar/acolher as próprias angústias, medos, dores escondidas e emoções mal resolvidas que ficam pelo caminho, e partilhar com a ajuda de um profissional pode ser uma experiência viva para dar um outro sentido a essas situações e reações emocionais. 

É imprescindível falar e pensar sobre acontecimentos importantes que impactam na saúde mental da humanidade, possibilitando a expressão dos sentimentos e do sofrimento psíquico, bem como o equilíbrio entre razão e emoção. Nesta reflexão, imprescindível mencionar o memorável gesto de Francine Christophe que, em pleno campo de concentração, ofertou um pedaço de chocolate a uma grávida durante o trabalho de parto. Isto é, diante de uma situação improvável, desoladoramente sem esperança, uma atitude fez a diferença e criou conexão e propósito. 

Enfim, como escreveu Winston Churcill: o futuro é insondável, mas o passado deve nos dar esperança.

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