Hoje, caro leitor, a reflexão é sobre, como os homens têm cuidado da própria saúde física e emocional.
A Campanha Novembro Azul, criada em 2003, na Austrália, com o objetivo de alertar, discutir, propagar, conscientizar os homens sobre a necessidade dos cuidados com a sua própria saúde, está conseguindo seu objetivo de conscientização e prevenção?
As pesquisas mostram que os homens cuidam pouco
da sua saúde física e emocional, que a negligenciam e acabam por adotar comportamentos
de risco, além de se tornarem vulneráveis às enfermidades, em especial, às
graves e crônicas, como diabetes, pressão alta, problemas vasculares, câncer. Com tantas informações, por que isso ainda ocorre?
O padrão de comportamento a que os homens são submetidos na infância, e que continua por toda a vida, sem expressar as emoções, por considerar fraqueza, vulnerabilidade e falta de controle, são expressos com clareza, por exemplo, no documentário A máscara em que você vive, que inicia com um pai dizendo ao filho: “seja homem, pare de chorar, não se emocione. Se vai ser homem no mundo, controle as pessoas e as situações”. Isso mostra uma visão distorcida que associa a exposição das emoções com sinal de fraqueza.
Compondo essa imagem idealizada e estereotipada do homem forte e imortal, somam-se as figuras dos heróis dos desenhos animados transmitidos pela televisão, como Superman, Batman, Robin, Capitão América, Homem Aranha entre outros; o que acentua o pensamento mágico de invencibilidade e imortalidade.
Em muitos momentos este homem se vê diante de poderosas lutas emocionais em seu íntimo. Se expor seus sentimentos ou a sua vulnerabilidade é contrário à ideia de seres fortes, emocionalmente controlados. O que fazer?
Em algum momento o silêncio e o sofrer calado explodem, causando danos, como: a violência doméstica, comportamento abusivo, o não levar desaforo para casa, ou quadros de depressão, ansiedade, insônia, vício em pornografia, apostas, álcool e drogas. Isso é a prova de que se deve desenvolver e se cuidar emocionalmente e não negar a vida psíquica e os afetos que a acompanham. O fato da relutância da desatenção com a sua saúde pode ser explicado por uma educação preconceituosa, passada de geração para geração.
Muitos homens sentem vergonha de admitir sofrimentos, de expressar afetividade, dores, inseguranças ou manifestar fragilidades. Isso nos leva a pensar que há uma inibição da expressão de sentimentos, por significar a perda de controle. Enfim, tantas questões internas chocam com a educação que receberam.
No sentido de auxílio, deve-se tomar como ponto de partida a pessoa e não a doença. Tal atitude enriquece a compreensão do que motiva a pessoa a procurar ajuda.
É preciso desenvolver uma verdadeira conexão corpo-mente-doença. Considerando o comportamento cultural do homem de desatenção com a sua saúde, as campanhas de prevenção devem-se ser intensificadas, para desconstrução do preconceito, dos estigmas da infância e adolescência. Aprender a cuidar de si mesmo é o primeiro passo, para depois levar às outras esferas da vida. Por isso, as campanhas sobre a saúde do homem são cada vez mais necessárias para essa conscientização sobre o cuidado com a própria saúde.
Só se muda o comportamento, quando se muda o pensamento.
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